domingo, 26 de abril de 2015

RIO DE ONTEM, RIO DE HOJE: OS MESMOS MAUS HÁBITOS

Carioca que sou, gosto muito de minha cidade. Meu carinho por ela, todavia, não me impede de ver muitos problemas na Cidade Maravilhosa. Esses problemas não se devem exclusivamente à má gestão da cidade ao logo dos anos. Gostamos de responsabilizar o Poder Público por tudo. Realmente, tem grande culpa. Mas, nós cariocas, de um modo geral, somos maus cidadãos. Somos simpáticos, sorridentes, mas muito mal-educados. 

Aquarela de Jean-Baptiste Debret  retratando homem
 urinando numa rua do Rio nos idos do século XIX.


Por ocasião dos 450 anos da fundação Cidade, comecei a ler livros sobre nossa História e dentre eles o interessante O Rio de Janeiro Imperial de Adolfo Morales de los Rios Filho.  No prefácio, o diplomata e historiador Alberto da Costa e Silva faz uma descrição triste, mas verdadeira do Rio de ontem e do Rio de hoje:


"...[as enchentes e suas consequências] eram agravadas pelo lixo jogado nas ruas. Aos visitantes estrangeiros causava espanto o verem que se despejavam das janelas imundícies nas calçadas, e se abandonavam coisas velhas e quebradas nos terrenos baldios, e se jogavam ou deixavam cair no chão a casca e os caroços da fruta que se comia, um lenço puído ou papel que embrulhara uma prenda. Era assim no século XVII. E no XVIII. E no XIX. E neste século XX, de que vivemos os últimos meses sem encontrar remédio para  esta e outras mazelas. Como a da barulheira de alguns poucos a desrespeitar o sossego da maioria. O falar aos gritos. As batucadas. Os foguetórios" [1]

Quem pode dizer que nesses primeiros 15 anos do século XXI é diferente?

No século XIX, o caricaturista Henrique Fleiuss registrou a
repulsa de transeuntes ao lixo  e ao mau cheio das ruas

Sim, o Poder Público tem que agir com maior inteligência e eficácia. Porém, temos que nos conscientizar nossa responsabilidade como indivíduos para tirar o adjetivo maravilhosa do papel e colocá-lo na nossa vivência como cidadãos do Rio.

Nem as praias, o grande atrativo da Cidade, escapam ao mau costume
carioca de sujar tudo por onde passa. Acima, a praia do Leblon.


Nota:
[1] FILHO, Adolfo Morales de los Rios. O Rio de Janeiro Imperial. Prefácio de Alberto da Costa e Silva. 2ª ed. Topbooks, Rio de Janeiro, 2000, pp.18,19.


Nenhum comentário:

Postar um comentário